terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Tirando a poeira da mochila - Buenos Aires

Faz muito tempo que não escrevo aqui. O único que mantém o blog ligado aos aparelhos é o Rodrigo, que em breve irá para o Canadá.


No meu caso, 2010 foi o ano das viagens de trabalho. Não necessariamente "mochiladas". Era algo mais como uma pequena mala com roupas sociais, uma necessáire, o computador da empresa e um Nintendo DS (porque ninguém é de ferro).

Fiz uma mochilada de verdade em 2010, que foi em Buenos Aires. Infelizmente não registrei dia-a-dia o que fiz, como foi na Europa. Vou tentar colocar a minha visão de Buenos Aires, bem como o melhor e o pior que senti em poucos dias que fiquei na cidade.

Fui no feriado de carnaval. O que mais me impressionou foi o grande número de Brasileiros. Até achei que os brasileiros que fugiam para Buenos Aires não gostavam do carnaval. Mas depois me convenci que foi só por causa do câmbio e das promoções que a Argentina estava proporcionando aos tupiniquins.

Mas vamos ao que consigo me lembrar. Primeiro, derrubar alguns mitos:

Mito 1 - Argentino não gosta de Brasileiro. No futebol pode até ser. Mas fui melhor tratado em Buenos Aires do que em muitas capitais do Brasil e da Europa. Não que argentinos morram de amores pelos brasileiros, mas eles (pelo menos até o início do ano) preferiam o "real" aos pesos argentinos.

Mito 2 - Brasileiro não gosta de Argentino. Acho até mais palpável. No entanto nós temos essa característica de misturar as coisas. Se não gostamos de um cara no futebol, o país dele não presta; se não gostamos da crítica de um americano, os EUA não prestam, se somos enganados por um chinês na Santa Efigênia, os chineses não prestam, e assim por diante. Enfim, sou nativo de Florianópolis, e fui tradicionalmente criado para odiar argentinos. Mas não os odeio, principalmente pelos vinhos e pelo Tango. E pelo que percebi lá, eles estão pouco se lixando se você é Brasileiro ou não.

Mito 3 - Preciso do meu passaporte para viajar para a Argentina. Não, não precisa. Basta a cédula de identidade original (não sei se a carteira de motorista também é válida - estou com preguiça de pesquisar no Google - e estou de férias), mas cuidado! Carteiras profissionais não são válidas lá (CRC, CRM, CRA, OAB, PQP...). Sou de histórias bem desagradáveis de pessoas que só levavam suas identidades profissionais. Agora quem tem passaporte é legal né? Ganhar mais uma carimbadinha.

Passado os 3 mitos que derrubei, vou começar pelo que não gostei de Buenos Aires:

1) Culinária. Não sei se fui nos locais errados, me desmintam por favor. Mas não gostei da culinária argentina. Especialmente o Churrasco (e olha que comi o tão falado Bife de Chorizo) e as Massas. Já me falaram que no churrasco, dei azar. Mas quanto as massas, são meia boca mesmo. E olha que eles se gabam por terem uma veia italiana.

2) Dificuldade em sacar dinheiro do Brasil. Quando cheguei percebi que levei menos dinheiro que o necessário, e alguns locais não aceitavam "tarjeta" de crédito. Rodamos muito Buenos Aires para procurar a agência do BB e não encontramos. O endereço que estava no site estava errado, e os telefones haviam sido trocados. A solução foi sacar no crédito (sou da área de finanças, e não recomendo ninguém fazer isso).

São estes os pontos negativos. Ficou decepcionado? Só dois. Pois é os Bons Ares (não os da casa do Pedrinho*) me surpreenderam.

O que achei mais legal em Buenos Aires:

1) Café Tortoni - Um café bem tradicional de Buenos Aires. Por mais que digam que é coisa de turista, vale a pena comer um sanduíche e tomar um delicioso café, e se estiver bem disposto, você pode ir no show de tango (na época custava 80 pesos).

2) Cemitério e Feira da Recoleta - Um cemitério? tive uma fase de "goticuzão", mas não é por isso que gostei da visita. Vale a pena visitar o labiríntico e lindo cemitério, mesmo que você não seja um zumbi, vampiro ou coisa do tipo. Você recebe até um folder com o mapa, afinal de contas ninguém quer se perder em um cemitério não é? Se procurar bem achará a tumba da Madonna (digo, da Evita Perón). E em volta do cemitério tem a feira de artesanato da Recoleta. Que é muito legal. Comprei dois quadros lá, um do Jim Morrison e outro do Hendrix. Deu o maior trabalho para levar como bagagem de mão, mas valeu a pena (e paguei preço de banana - no Brasil).

3) Feira de Santelmo - Uma outra feira legal. Aqui é mais voltado para antiguidade, mas também tem bastante artesanato. Principalmente camisetas do Che Guevara (é o Che movendo o mundo capitalista). Aliás Che é um ícone pop em Buenos Aires, desde Broches, Imãs, Camisetas até boneco de pelúcia.

4) Caminito - O Bairro de lata é bem bonito. Bem para turista, mas era esse meu papel. O único ponto negativo é que o metrô não chega naquele local, o melhor acesso é por ônibus. Fomos a pé até lá, atravessando o bairro do Boca. E é meio sinistro, é quase como atravessar o morro da caixa com uma mochila nas costas. Peguem o ônibus é barato, rápido e bem seguro.

5) Delta do Tigre - Uma boa surpresa. Vale a pena pegar o trem até para fazer um passeio pelo Delta do Tigre. É muito bacana. Existe a possibilidade de pagar uma passagem mais cara e ir para o Uruguai.

As atrações de Buenos Aires não param por aí. Tem muito mais o que visitar: Bairro Japonês, Malba, Zoo, Jardins, Praças, Livrarias (recomendo o Ateneu), Lojas e mais lojas de alfajores, Estádios de Futebol... mas como disse demorei a escrever e perdi as minhas memórias.

Por esse e outros motivos Buenos Aires se tornou uma das minhas cidades preferidas.

* piada sorrateiramente roubada do twitter @esmussein

(Já ia me esquecendo, o albergue que ficamos era ótimo - bom, barato e com um café da manhã - Se chama Milhouse).

Em breve pretendo mochilar pelo Chile (possivelmente na metade do ano). Vou tentar documentar dia-a-dia para não ter problemas com perda de memória.

Abraços e boas mochiladas!
@mpsouza1980